A casa
Mataram a casa do Méier. A casa que era muitas casas e muitas pessoas e muitas coisas.
Já tem muitos anos que evito passar na frente dela. Já não era a mesma, como um parente muito querido na infância, que com o tempo se afasta.
Ela estava envelhecida, o jardim, mais selvagem, descabelado.O quintal, há muito não o via. A pele estava descascando e caindo. Estava decrépita, mas estava viva.
Parece egoísmo, e é. Eu preferia vê-la caindo aos pedaços, morrendo naturalmente de velhice.
Não gostei de ver o terreno baldio, a visão mal tapada por telhas de amianto.
Mataram as festas juninas, apagaram as fogueiras.
Mataram Cosme e Damião, acabaram os doces.
Mataram o Natal , não tem mais rabanadas.
Mataram as minhas brincadeiras, o porão e o quintal.
Mataram o quintal do Moleque, do Sheik, do Kipe e da Marabá.
Acabou o arroz e o suflê de espinafre.
Apagaram a luz do gongá e tiraram a rede do quarto da frente.
Sumiu a etrela da entrada.
Arrancaram a Guiné, o Jasmim e o Manacá.
Secaram o lago.
Onde está a poltrona verde?
Acabaram os licores de leite, de jabuticaba e de vinho.
Não sinto mais o cheiro do defumador.
Morreram outras lembranças, outras pessoas, que se faziam presentes em minha vida através daquela casa. Onde elas estão? Onde vão morar?
Já tem muitos anos que evito passar na frente dela. Já não era a mesma, como um parente muito querido na infância, que com o tempo se afasta.
Ela estava envelhecida, o jardim, mais selvagem, descabelado.O quintal, há muito não o via. A pele estava descascando e caindo. Estava decrépita, mas estava viva.
Parece egoísmo, e é. Eu preferia vê-la caindo aos pedaços, morrendo naturalmente de velhice.
Não gostei de ver o terreno baldio, a visão mal tapada por telhas de amianto.
Mataram as festas juninas, apagaram as fogueiras.
Mataram Cosme e Damião, acabaram os doces.
Mataram o Natal , não tem mais rabanadas.
Mataram as minhas brincadeiras, o porão e o quintal.
Mataram o quintal do Moleque, do Sheik, do Kipe e da Marabá.
Acabou o arroz e o suflê de espinafre.
Apagaram a luz do gongá e tiraram a rede do quarto da frente.
Sumiu a etrela da entrada.
Arrancaram a Guiné, o Jasmim e o Manacá.
Secaram o lago.
Onde está a poltrona verde?
Acabaram os licores de leite, de jabuticaba e de vinho.
Não sinto mais o cheiro do defumador.
Morreram outras lembranças, outras pessoas, que se faziam presentes em minha vida através daquela casa. Onde elas estão? Onde vão morar?
2 Comments:
Gostei da crônica... Essa coisa de prédios crescendo no nosso mundinho enche o saco. Abraços!!
Ricardo
Não mataram A Casa do Méier.
Não se mata o que esta dentro de nós. Ninguém tem esse poder!
Postar um comentário
<< Home