quinta-feira, agosto 03, 2006

Da série: FICÇÃO PLAUSÍVEL


I
Acordou de ressaca, do lado de uma senhora do tamanho do 696 (Méier Dendê) num motel em São Cristóvão. Desceu da cama, se vestiu, vasculhou todos os bolsos que viu pela frente ou pelo chão, contabilizando trinta e sete reais e umas moedas, meio maço de Derby suave, um cartão do Rio-Card, um vale-refeição de seis e noventa, dois chicletes, um isqueiro vagabundo como o logo da Skol, um pacote aberto de Hall’s preto e um panfleto com o Salmo 23.

Acendeu um derby, largou o maço, botou um Hall's na boca, catou os fósforos, o pente, as miniaturas e uma latinha de Antártica no frigobar. Saiu de fininho, pra não acordar a jubarte, falou qualquer merda pra mocinha da recepção e saiu. Na rua, abriu a latinha, deu um gole, cuspiu o Hall's, deu outro gole e foi andando para o Largo da Cancela.

Na São Luiz Gonzaga, entrou numa padaria, pediu um maço de Hollywood, um café com leite, uma bananada e um pão com polenguinho.

Tomou uma Itaipava, meio quente, pagou a despesa e caiu debaixo do 312 (Olaria, Praça Mauá, circular) .

Ao dar entrada no Salgado Filho, ainda tinha forças para falar de si para consigo:

“Pelo menos, aqui eu sei como eu vim parar!”

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

deveras interessante ...

8/04/2006 2:47 PM  

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