Da série: FICÇÃO PLAUSÍVEL
XII
Era um desses sujeitos meio assim-assim. Meio zen, meio natureba, meio babaca, meio wicca e meio viado.
Praticava ioga (iôga, ele corrigia), não fumava, bebia muito pouco, e mesmo assim só vinho branco e fazia tai-chi-chuan. Acreditava naqueles negócios de Energia, Saint German, Conhecimento oculto dos Templários e essa porra toda. Era vegetariano proselitista e comia com duvidoso prazer aquelas chanfanas a base de soja. Era fã de Legião Urbana, gostava de Oswaldo Montenegro e era simpatizante do Green Peace.
Um dia ele se meteu num retiro espiritual de uma dessas charlatanices de Nova Era. As regras do retiro eram espartanas: horário rígido, disciplina exemplar, silêncio absoluto, meditação compulsória e uma refeição por dia. Soja. Com arroz integral. Tinham que ser, já que o retiro, segundo o panfleto, objetivava o alcance do autoconhecimento pessoal a nível de indivíduo inserido no contexto bioenergético no seio da Mãe Terra.
No terceiro dia descobriu:
Que soja é uma merda.
Que arroz integral é intragável.
Que ioga dá dor nas costas.
Que estava faminto.
Que incenso fede pra caralho.
Que era viado mesmo.
Que banho quente é que é bom.
Que o mundo é uma bosta, mas a tecnologia é uma beleza.
Que tinha medo de lagartixa.
Que estava com piolhos.
Que sempre tinha muito mais meleca na narina esquerda do que na direita.
Que sempre que pensava em Deus, a imagem que lhe vinha à mente era um queijo provolone.
Que gostava de música sertaneja.
Que estava de saco cheio daquela porra.
E que queria ir embora.
E foi. Dois anos depois acabou se convertendo a Igreja Sara Nossa Terra. Hoje é pastor lá em Sulacap, mas ainda tem medo de lagartixa e não come queijo provolone nem a pau!
Era um desses sujeitos meio assim-assim. Meio zen, meio natureba, meio babaca, meio wicca e meio viado.
Praticava ioga (iôga, ele corrigia), não fumava, bebia muito pouco, e mesmo assim só vinho branco e fazia tai-chi-chuan. Acreditava naqueles negócios de Energia, Saint German, Conhecimento oculto dos Templários e essa porra toda. Era vegetariano proselitista e comia com duvidoso prazer aquelas chanfanas a base de soja. Era fã de Legião Urbana, gostava de Oswaldo Montenegro e era simpatizante do Green Peace.
Um dia ele se meteu num retiro espiritual de uma dessas charlatanices de Nova Era. As regras do retiro eram espartanas: horário rígido, disciplina exemplar, silêncio absoluto, meditação compulsória e uma refeição por dia. Soja. Com arroz integral. Tinham que ser, já que o retiro, segundo o panfleto, objetivava o alcance do autoconhecimento pessoal a nível de indivíduo inserido no contexto bioenergético no seio da Mãe Terra.
No terceiro dia descobriu:
Que soja é uma merda.
Que arroz integral é intragável.
Que ioga dá dor nas costas.
Que estava faminto.
Que incenso fede pra caralho.
Que era viado mesmo.
Que banho quente é que é bom.
Que o mundo é uma bosta, mas a tecnologia é uma beleza.
Que tinha medo de lagartixa.
Que estava com piolhos.
Que sempre tinha muito mais meleca na narina esquerda do que na direita.
Que sempre que pensava em Deus, a imagem que lhe vinha à mente era um queijo provolone.
Que gostava de música sertaneja.
Que estava de saco cheio daquela porra.
E que queria ir embora.
E foi. Dois anos depois acabou se convertendo a Igreja Sara Nossa Terra. Hoje é pastor lá em Sulacap, mas ainda tem medo de lagartixa e não come queijo provolone nem a pau!
4 Comments:
Ah...Patrício !!!
Estou com muitas saudades de conversar com você e doida para vê-los...
Traga sua esposa qualquer dia para batermos aqueles papos bons que só se fazem possíveis com pessoas do seu conteúdo.
Forte abraço.
O-ti-mo!!! Como sempre ne... Me divirto com seus textos!!
To com saudades dessa familia! Manda um bjao p minha amiga!
Bjss
Como sempre suas descrições esteriotipadas dos sujeitos estão perfeitas! Gostei muito, gostei também da "idéia" aplicada pelo médico, realmente é de profissionais assim que o país precisa (rs.) Beijos, Juliana
so discordo de duas coisas, incenso não é tão ruim assim e soja é algo comestível sim.. dependendo é claro da quantidade! rs
quanto ao resto... Eu amo poluição, trânsito, confusão, tecnologia e todas aquelas merdas de fast-food
bjks!
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