sexta-feira, novembro 14, 2008

O primeirão

Saravá, mi zé fio. Estamos na área. Para dispensar apresentações sou o prodígio que se casou antes dos demais (também já ganhei televisão e cesta de chocolate em rifa – questão de sorte) e tenho o nome inescrevivel (da série, neologismos que acabam com o vernáculo) de acordo com nosso editor, o excelentíssimo, reverendíssimo, senhor do todos os bloggs, Patrício. Fui agraciado com seu convite para escrever no renomado blogg Mangangavamarela, já traduzido - soube lendo a International Blogg of Bad Mother Fuck - em mais de 2 línguas, a saber, português de Portugal e português de Goa. Tal fato muito me honrou, até porque serei regiamente remunerado com um “Não fez mais do que a obrigação, porra!”, do nosso estimado Iêmen-descendente. Assinarei como CEVDM, porque convenhamos, a porra do meu nome é grande para c...de elefante nenhum botar defeito. Assim sendo, passo a minha primeira e humilde contribuição, escrita no original para um Chá Literário realizado em uma das escolas onde tento lecionar, intitulado...


Vida de professor, ou, a gente se fode mais se diverte


Estou escrevendo esse texto as 1:30 da manhã (cerca de uma semana ou duas atrás). Não foi falta de inspiração nem de tempo. Na realidade tive que fazer uma visitinha ao centrocardio, mas esta tudo bem, tanto que enquanto escrevo bebo meu vinho do Porto e fumo meu cachimbo.
Quando sentei em frente a telinha já sabia sobre o que versar. Imaginei as diferentes situações e pessoas em que nós professores somos atirados e nos relacionamos em nosso cotidiano e tentei enxergar o lado lúdico existente nelas.
Por exemplo, quando estamos naqueles dias de azeite, em que nada pode conosco, o pobre aluno nos vem com aquele sorriso cínico nos lábios e de pronto já o interpelamos:
_ Tá mostrando os dentes pra mim porque? Tá me achando com cara de veterinário?
Pois é, tomou sem saber.
E as amadas pedagogas, estas então, fazem parte do folclore escolar, junto da mula sem cabeça (esta imagem acho inclusive que resume a profissão, mula sem cabeça é genial) e do curupira (com os pés virados para trás, acha que vai para frente, mas só caminha na contramão). Preconizam 8 entre 7 episódios que marcam a vida do professor.
_ Professor desculpe lhe interromper enquanto o senhor coça seu saco entre uma aula e outra, que lhe deixei de sacanagem de janela, mas é que os alunos estão reclamando que o senhor sempre chega atrasado no primeiro tempo de aula. O senhor pode explicar o que esta acontecendo.
_ Claro pedagoga, claro que posso explicar, e vou explicar de uma forma que até a senhora possa entender. É o seguinte, minha esposa adorar fazer sexo de manhã, quando eu já me encontro vestido e tomado de desejo para ministrar minhas aulas, a digníssima já esta nua entrelaçada em mim, aí sabe como é né? Chego atrasado. Adorei essa desculpa.
As diretoras, ou diretores, são um caso a parte. Tenho uma teoria que elas, ou eles, são mutantes. São Homo Director, o próximo passo na evolução do homem, criaturas dotadas de poderes fantásticos, a maioria bizarros, tipo: saco de adamantuin, para aturar tudo quanto é tipo de reclamação. Poder de teleporte, assim, quando alguém pergunta cadê o diretor ele puff, já apareceu do teu lado, com cheiro de enxofre e tudo. Rajadas óticas de constrangimento, quando tu chega atrasado ou foge da reunião e dá de cara com o cabra te olhando de um jeito que você se sente o pior dos vermes. Transmorfo, quando ele transforma merendeira em auxiliar de secretaria num piscar de olhos. Muito foda, Homo Director, nem Darwim pensou nessa porra.
Tem uma situação que sempre nos encontramos e que a maioria de nós ou odeia ou detesta. As famosas dinâmicas, que alias não sei porque tem esse nome, dinâmica pressupõem movimento, e essas porras são sempre a mesma coisa, ou seja, não se movem. Tipo, vamos cantar juntos uma música que nós trás alguma mensagem de união...e no final vamos nos abraçar. Cara analisa. Tipo, 7 da manhã e tu cantando num coro de desafinados: O amor é lindo, tão lindo...e você lá lembrando da prestação do banco em atraso, sabendo que o único amor que tu vai ter é do serasa, que vai te fuder. Aí no final, em que todo mundo já se constrangeu e disse ter aprendido alguma coisa (tipo, aprendi que devo sempre me atrasar quando tiver dinâmica), você tem que virar pro lado e abraçar a figura que ta ali, e tipo, não é nenhuma professora gostosona de educação física atochada num maio de ginástica, mas o catinguento do professor de matemática mais idoso da porra da escola que ainda faz conta com ábaco.
Bom, restam ainda as reciclagens ou capacitações. Tipo, não bastou o governo nos chamar de lixo, ele também nos chamou de incapazes. Cara em 90% dessas porras o esquema é o seguinte, vem um cara que sabe muito menos do que você falar sobre generalidades que não te acrescentam nada. Tipo, reciclagem sobre o aquecimento global. Público alvo: professores de ciências, a maioria pós-graduados. Ministrante: secretário de meio ambiente, formado em propaganda e marketing nas Faculdades Unidas do Cú do Judas. Começa a palestra assim, vocês sabiam que o aquecimento global é provocado pelo efeito estufa? Não, todos aqueles professores de ciências pós-graduados achavam sinceramente que a culpa era da flatulência soteropolitana provocada por abará e acarajé apimentados.
Bom, é isso né, vida de professor é essa comédia mesmo.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Caras, que texto FODÁSTICO! Caiu como uma luva num dia de reunião de conselho de classe das nossas lastimáveis oitavas séries! O blog é ótimo!

11/28/2008 2:56 PM  

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