sexta-feira, junho 15, 2007

LOVISTÓRI

Estava encostado a um poste, em frente ao prédio em que ela trabalhava. Fumava o sétimo cigarro da hora, já partindo pro oitavo. Ela trabalha no oitavo andar...

Ele já nem lembrava o motivo da briga, mas a briga foi feia. Feia, doída, rancorosa e triste. Choro e ranger de dentes. Disseram coisas um ao outro que pensavaM não querer dizer. Ela pegou pesado. Ele não deixou por menos. Lágrimas e mágoa pra todo o lado. Ela saiu batendo a porta e os saltos pelo corredor, e ele não sabia o que mais doía: o soco que ele deu na parede ou a impressão que ela não ia voltar. Na dúvida, se nocauteou com uma garrafa e meia de conhaque.

Esperava por ela, e enquanto esperava, escrevia mentalmente a homilia de reconciliação. Com a cabeça coberta de cinzas assumiria a autoria dos erros. Mea máxima culpa. Estava disposto a aceitar qualquer penitência. Ela ia voltar.

Ela saiu e deu de cara com ele. Ele viu que ela o viu. Ele sorriu, meio sem graça. Ela virou as costas e entrou num táxi. Ele foi pra casa, acabar com aquele restinho de conhaque.

Nunca mais se viram e foram felizes para sempre.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Esta deve ser a mais plausível de todas as ficções...
=)
Saudades, amigo!

6/15/2007 3:50 PM  

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