quarta-feira, maio 20, 2009

Condomínio, ou O ser humano é a raça do Cão

Sabadão, dez da matina.

E eu lá no sofá. Lendo um livrinho, fumando um cigarrinho, ouvindo um The Clashzinho, coçando o saco na paz e toca a campainha.

Grito, de má mente, um ‘JÁ VAI’ daqueles que deixam bem claro que o papai aqui vai demorar o maior tempo possível pra atender.

Depois de acender mais um cigarro e pegar um cafezinho, confiro na luneta da porta: é a síndica e um dos porteiros.

Imediatamente, grito outro ‘JÁ VAI’, na vã esperança que eles percebam que eu não tou numa de ir.

Não percebem.Eu vou.

Abro a porta, e, sem sequer um ‘bom dia, desculpe incomodar’ a múmia manda, já enfiando os cascos dentro da minha casa:

“Vim aqui pra ver se tem vazamento no seu banheiro.”

Imediatamente finco a carcaça na frente da Dona Coisa, e, delicadamente (delicadamente mesmo, não é sacanagem não) digo:

Não. A senhora vai descer, interfonar, me dar bom dia, se desculpar pelo incômodo e perguntar se pode vir aqui, por obséquio, ver se tem algum vazamento no banheiro, coisa que de antemão, asseguro que não tem.

E fecho a porta.

Ela sai zurrando cobras e lagartos.

Quinze minutos depois, sem se dar conta do bom dia, do por obséquio, do incômodo, e da minha categórica afirmação que vazamento tem a cara dela, toca o interfone.

“Posso ir aí agora?”

E eu, peremptório:

“Não.”

E não veio até hoje!

2 Comments:

Anonymous Berthjr said...

Por delicadezas destas que você é meu herói, hehehe

5/21/2009 1:17 AM  
Blogger Nandoca said...

Meu ídolo, hehehe!!

5/25/2009 5:51 PM  

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