segunda-feira, janeiro 19, 2009

Memórias constrangedoras imberbes, parte 1

Existem situações na vida de um garoto que são de memória, no mínimo, constrangedora.
Por exemplo: quando nasce o primeiro pelo no saco. Cara, você fica lá sentado no vaso, as pernas abertas, as bolas na mão, pensando que aquele fiapo te transformou num homem. Tipo:
_ Caramba, olha só, peludaço! Já posso até fazer... Como é mesmo nome daquilo? Ah! Já posso até fazer séquisso!
A primeira festinha de 15 anos também rende algumas lembranças toscas. Eu lembro que a minha primeira foi num casarão aqui na rua Miguel de Frias, em Niterói. Comprei até roupa de marca, Giló (com “g” mesmo). Pois é, a loja tinha nome de petisco de botequim. Fui de bermudão florido e camisa t-shirt. Veja, eu era o único de bermudão florido e camisa t-shirt. Todos estavam de esporte fino, eu era o único de desleixado fino.
A primeira barba? Minha barba desde sempre foi cheia e dura. Pois é, aquela velha piada mesmo, cheia de falha e dura de crescer. Acho que eu já tinha uns 15 ou 16 anos. Meu pai já era falecido e eu não quis pedir conselhos a minha mãe sobre os procedimentos, já que supus (de forma acertada, diga-se de passagem) que raspar virilha e raspar a barba eram atividades não correlatas, apesar do prestobarba servir a ambas as situações. E como minha mãe não é japonesa, menos semelhança ainda com um rosto poderia se esperar, o que ratificou minha intenção de não solicitar-lhe instruções de vôo.
À época eu era micro-empresário, era criador de espinhas, e o negocia ia de vento-em-popa, expandindo-se do rosto para as costas em acelerada velocidade. Bom, passei o sabão da pia na cara até fazer espuma, abri um prestobarba e... Amigos, parecia uma cena de Hell Raiser, Renascido do Inferno. Pelo menos havia tanto sangue e cabeças de cravo na pia, que lembrava uma tarde de execução na França revolucionária.
Bem, não posso me esquecer da primeira masturbação.
Na escola eu ouvia a gurizada conversando:
_ Cara, hoje eu bati três!
_ Só isso? Meus pais saíram e eu bati sete!
_ Clap, clap, clap (todos aplaudiam).
E eu quieto, tentando aprender o que era punheta, como se fazia e qual era o resultado. Eu tinha uns treze anos (meu pai faleceu quando eu tinha 12, digo isso para vocês verem como uma figura masculina adulta faz falta na vida de um garoto), e apesar da minha progenitora tentar falar abertamente sobre sexo comigo, eu ainda sou da geração que falar abertamente sobre sexo com a mãe era o mesmo que se condenar ao inferno. Ainda sim ela me deixou valiosas pérolas em forma de um guia de conduta sexual para meninos. Quando eu tinha uns 4 ou 5 anos, e ela ainda lavava a minha bunda, a digníssima me dizia: _”Se tentarem botar a mão na sua bunda e não for mamãe, grita e bate no fulano”! Meu pai tomou um chute nos ovos por isso certa feita, tentando me limpar após um “Mãeeeeeeeim, já fiz”.
Bom, voltando a punheta.
Passei semanas, sim, semanas, sentado no bidê, levantando e abaixando o dito cujo 3 vezes, no máximo 7 vezes, conforme o movimento universalmente conhecido. Tipo, eu ouvia a molecada dizendo que “bati 3”, “bati 4”, e achava que deveria executar o movimento apenas na quantidade especificada (não entendeu? Assim, levantava e abaixava uma, levantava e abaixava duas, levantava e abaixava três...), ou seja, o bicho nem do estado de inércia saía. Imaginem minha decepção? Até o dia que pensei com meus dedos, os cindo da mão direita:
_ Que se dane! Vou ficar levantando e abaixando meu amiguinho por um tempão pra ver no que dá!
Qual não foi minha surpresa, quando lá pelas tantas, comecei a sentir um “negocinho” diferente, e não mais que de repente meu amiguinho, pela primeira vez, demonstrou ser capaz de executar o plano bíblico do crescei e multiplicai-vos?
Cara, fiquei sentado ali, olhando minha obra, todo orgulhoso. Aquele ano passei mais horas no banheiro do que em qualquer outro lugar, a tal ponto que minha mãe levou-me ao médico para ver se eu tinha verme, de tanta dor de barriga que eu tinha.
Bom, pois é, depois eu conto mais, quando as memórias constrangedoras vierem a tona. Abração.
CEVDM

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