quinta-feira, setembro 03, 2009

Ditos e desditos da rua

Da série, Crônicas Quase Verdadeiras, Meio Mentirosas:


Existem coisas que escutamos na rua que são assustadoras... De tão engraçadas. Às vezes nem tanto a coisa dita, mas o contexto que a cerca, por si só, é cômico. Uma dessas coisas dita nas ruas, e que escutamos por obra do acaso, me despertou na lembrança outras tantas frases e situações escutadas e vivenciadas.
Porém, antes de prosseguir na minha narrativa, devo alertar aos leitores que este texto terá um linguajar inapropriado para menores e pessoas cardíacas. Não é que eu deseje a vulgaridade, mas se trata aqui de fidelidade a fonte, e não de libertinagem poética.
Foi assim que a idéia desta crônica nasceu: caminhava tranqüilamente de volta para minha casa após lecionar na parte da manhã, quando ao passar por uma mulher de mãos dadas com seu filho (uma criança de dois, talvez três anos), esta me verbaliza a seguinte epifania (um achado literário): caracoles! Para não dizer CARALHO! A caixa alta não é à toa, expressa o quão enfática foi a mulher ao nomear o membro viril masculino, após deixar claro que não faria referência explícita ao mesmo. Continuei minha caminhada, rindo evidentemente.
Imediatamente me lembrei de outras situações igualmente cômicas. Uma vez no ônibus, sentado atrás do motorista, ouvi a seguinte conversa entre este e o trocador (uma observação: eram uma e tal da madrugada, e eu era o único passageiro):
_ Pô parceiro, falei lá na garagem que o freio do carro tava baixo, vagabundo ficou de onda, achando que eu não entendo porra nenhuma do meu serviço, me chamando de cagão. Virei e mandei na moral: “é mermo? Então vocês vão vê, vou pilotá esse carro na madruga com freio baixo a mil, segurando só na passagem de marcha! Aí vocês vão ver quem é o cagão, vão ver quem é o piloto”.
_ Isso aí parceiro, arrepia o carro que eu seguro.
Nisso o motorista lembra da minha existência.
_ Né não parceiro?
Saltei no ponto seguinte, a vinte minutos da minha parada. Foi uma caminhada revigorante.
De outra feita, andando no centro da minha cidade, por volta dumas 22:30 ou 23:00 (a precisão falha em virtude da minha condição alcoólica), escuto um velhinho (veja bem, octogenário para cima) falando para um traveco enorme:
_ Né pra comer não “filha”, só quero dar uma chupadinha no seu pintinho. Quanto é?
Achei tão meigo da parte do ancião falar “pintinho”, que pensei até em não rir, mas não tive êxito.
Prosseguindo.
Fila do banco, sistema caído (só para variar), uma senhora magricela na minha frente externa seu descontentamento: _ “Espero uma eternidade o tal do sistema “levantar” para receber uma micharia que nem me faz rir. Parece meu marido na cama”. Juro que não fui o primeiro a gargalhar.
As memórias vêem numa enxurrada.
Maracanã, Flamengo e Vasco, semi-final da Taça Guanabara. Pai e filho ao meu lado. O menino brada a plenos pulmões:
_ Seu viado! Dirigido ao zagueiro do Flamengo que furou um corte e quase deu um gol para o Vasco.
_ Que isso menino, não pode falar palavrão seu...
Nisso o zagueiro do Vasco faz uma falta óbvia no atacante do Flamengo e o juiz não apita. O pai, amante dos bons costumes, emenda a frase quase sem perder o fôlego.
_ Filho-da-puta!
_ Pai!?!
_ Você não menino, o juiz!
Ri demais.
Para todos que pensam que estou falando demais de um tema tão besta, uma última, a derradeira.
Na padaria, um menino (sete ou oito anos) entra para comprar cigarro para algum adulto preguiçoso.
_ Moço, me dá cigarro.
_ Qual?
_ Destes que fazem fumaça e matam de câncer.
Mais esclarecido que o adulto bolha que o mandou à padaria.

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