quarta-feira, maio 20, 2009

Campanha pelo uso doméstico da anestesia

Olha, garanto para vocês que o melhor de uma cirurgia (?) é a anestesia. Reputo que ela esta entre as grandes invenções do homem, não só pelo fato, óbvio, de eliminar o sofrimento durante um procedimento que necessariamente seria doloroso, mas também pelas experiências proporcionadas. Explico-me, alongando um pouco a história.
Cheguei ao hospital no horário combinado (para operar o joelho), levado pela minha senhora que me deixou para levar nossa prole à escola. Fiquei lá tentando aparentar calma, mas por dentro estava uma pilha alcalina, enquanto esperava surgir uma vaga na enfermaria masculina. Nada feito, me internaram num quarto. Ponto para mim. Cheguei e logo uma enfermeira veio me ver, mediu (ninguém tira) minha pressão, ligeiramente alta, e deixou em seguida aquele aventalzinha que é moda nos hospitais desde mil oitocentos e guaraná com rolha. Meio sem graça, e com um pouco de medo, perguntei se poderia manter minha roupa de baixo (usei exatamente essa expressão). Depois de consultar a chefe, disse-me que poderia ficar de “cuequinha” (exatamente a expressão que a dita usou), o que me soou ligeiramente sarcástico – mas deixei passar, já que eram essas mulheres que iriam tratar de mim a noite toda, e não era prudente mostrar-se hostil. _ Bom, pelo menos acho que não vão meter uma sonda no meu pinto – pensei aliviado.
Na seqüência chegou o maqueiro, um homem alto, esguio e com cara de ser o pior piloto de macas do hospital. Sabe, eu tinha razão, porrei em todos os cantos de parede e de elevador, enquanto as luzinhas brancas passavam por cima de mim e todos os olhares me acompanhavam, com um semblante que traduzia mais ou menos o seguinte: coitado, deve ser grave. Meus pés para fora da maca e o resto do corpo coberto por um lençol finíssimo, permitiam não pena, no máximo curiosidade, mas o ser humano tem a necessidade de sentir pena, faz parte da sua condição.
Cheguei no centro cirúrgico e fui colocado de lado, mais uma vez aguardando. Com vontade de urinar pedi a enfermeira que me indicasse um banheiro. Prontamente ela me calçou umas tocas verdes nos meus pés e apontou o quarto de trocar dos médicos. Fiquei imaginando o quanto não valeria uma foto assim (camisolão, cueca marrom aparente, tocas verdes nos pés e cara de boi indo para o abatedouro) entre meus alunos. Quase pedi que alguém batesse o daguerrótipo, afinal um dinheiro a mais não faz mal a ninguém. Quando entrei no quarto fui recepcionado por um médico que parecia uma porta, um senhor gigante de cabeça grisalha com a seguinte frase:_ Entre, fique a vontade, a casa é sua, pode ficar calmo que aqui ninguém vai te fazer nada. Imaginei, mais uma vez, que não deveria responder, já que pelo tamanho do sujeito e pela suspeita, infundada, de que os cirurgiões andam com seus bisturis para cima e para baixo, eu não teria chance de reagir caso ele se sentisse atraído por mim. Afinal, pensando bem, eu até que estava sexy, da ótica de um sociopata, com aquele modelito.
Voltei mais do rápido para a maca. A anestesista, minha heroína (não foi um trocadilho junke), que previamente havia se apresentado, me catou uma veia e injetou o que ela chamou de “primo do rivotril”. Confesso que gostei mais desse lado da família que a doutora tão gentilmente me apresentou, já que relaxei quase que instantaneamente, como se tivesse fumado uma cigarrinho do capeta, só que do tamanho de um charuto cohiba churchil. Fui então levado para o centro cirúrgico. A doutora então, após entabular uma conversa com outro médico, o qual eu não fui apresentado, disse que me faria uma isobárica. Já meio doidão imaginei que ela iria me servir um refrigerante. Amigo quando o veneno entrou na veia a sensação foi ótima, até porque o Papai Smurf começava a me acalmar, dizendo que o Gargamel estava preso no Castelo de Greyscol. Pude comprovar que esse papo de ver duende verde é mentira. Os meus eram azuis.
Uma das últimas coisas que me lembro foi a doutora me pedindo para ficar de ladinho para aplicar a raquidiana, algo que fiz prontamente após a She-Ha me garantir que o médico tarado não estava lá no centro.
Acordei umas duas vezes. Na segunda fiquei na minha após tomar um esporro do Zeca Urubu que estranhamente vestia trajes médicos. Coisas da anestesia. Na seqüência estava na enfermaria – fui despejado do quarto, para minha infelicidade. Lembro-me que o meu médico veio me ver, deixou-me um papel e disse adeus. A sim, o Zeca Urubu estava mais calmo nessa ocasião, apesar de fumar aquele maldito charuto no quarto. Sei que no dia seguinte pedi para Luciana ligar para ele, pois não lembrava de nada do que ele me disse. Estava, no momento da visita, deveras preocupado com a perna que não se mexia. Tentava a todo custo tirar a corda mágica da Mulher-Maravilha que me atava, mas ela ria de forma diabólica ao lado do Chico Bento. Foi a única bad trip, junto do Zeca Urubu, é claro.
Cheguei a duas conclusões: 1) anestesia é um troço foda; 2) devo ver menos desenho animado e ler menos quadrinhos.
Numa próxima conto da minha noite de não-sono na enfermaria ao lado de um colega com seis parafusos na coluna. Por hoje é só. God Save The Medical Drugs.

Condomínio, ou O ser humano é a raça do Cão

Sabadão, dez da matina.

E eu lá no sofá. Lendo um livrinho, fumando um cigarrinho, ouvindo um The Clashzinho, coçando o saco na paz e toca a campainha.

Grito, de má mente, um ‘JÁ VAI’ daqueles que deixam bem claro que o papai aqui vai demorar o maior tempo possível pra atender.

Depois de acender mais um cigarro e pegar um cafezinho, confiro na luneta da porta: é a síndica e um dos porteiros.

Imediatamente, grito outro ‘JÁ VAI’, na vã esperança que eles percebam que eu não tou numa de ir.

Não percebem.Eu vou.

Abro a porta, e, sem sequer um ‘bom dia, desculpe incomodar’ a múmia manda, já enfiando os cascos dentro da minha casa:

“Vim aqui pra ver se tem vazamento no seu banheiro.”

Imediatamente finco a carcaça na frente da Dona Coisa, e, delicadamente (delicadamente mesmo, não é sacanagem não) digo:

Não. A senhora vai descer, interfonar, me dar bom dia, se desculpar pelo incômodo e perguntar se pode vir aqui, por obséquio, ver se tem algum vazamento no banheiro, coisa que de antemão, asseguro que não tem.

E fecho a porta.

Ela sai zurrando cobras e lagartos.

Quinze minutos depois, sem se dar conta do bom dia, do por obséquio, do incômodo, e da minha categórica afirmação que vazamento tem a cara dela, toca o interfone.

“Posso ir aí agora?”

E eu, peremptório:

“Não.”

E não veio até hoje!

segunda-feira, maio 04, 2009

Imposto de Renda

Cara, eu odeio a O GOVERNO FEDERAL. Eu ODEIO a RECEITA FEDERAL. Sinceramente? Eu estou pouco me fudendo se tem gente morrendo de fome no interior do nordeste, se os favelados são vítimas de uma sociedade capitalista injusta. O sistema (seja lá o que for essa entidade sem cara) conseguiu me vencer!
Hoje eu recebi a notícia que tenho que pagar, junto com minha esposa, cerca de R$ 10.000,00 em imposto. Vou escrever para não deixar dúvida: dez mil reais!!!! Vão se FUDER, da onde a porra do governo acha que eu vou desenterrar esse dinheiro? Do cu da piranha da escrota da mulher de merda (sem vírgula mesmo) da mãe do presidente Luis Inácio Lula da Silva? Do cu dos viados do congresso que viajaram as minhas expensas? Do cu da doméstica que é laranja de uma porrada de firma de um diretor do senado?
Do cu de quem, caralho, eu vou tirar a porra desse dinheiro?
Faz a conta você que esta aí do outro lado achando que eu sou um porco que não liga pro próximo (E EU NÂO LIGO MESMO): R$ 10.000,00 devem sustentar quantos miseráveis no nordeste? Quantas passagens eu financiei, quantas contas de luz e água nas favelas eu pago, já que a maioria é gato?
Dizem que eu tenho que continuar lutando, para esclarecer os futuros comandantes desse país (meus alunos fudidos da escola pública) sobre a exploração. Cara, o povo tem mais é que se fuder mesmo, ser explorado, amargar na mão de todos estes cafajestes da política nacional, de todos os coronéis, Temer e Sarney são reis amigos. Eles me venceram, são mais astutos e poderosos do que eu.
Hoje quando eu recebi a notícia pelo contador eu passei mal, achei que ia ter um AVC (e não estou falando em sentido figurado, caralho). Tive que tomar uma dose de tarja preta para agüentar, chorei de me acabar (C-H-O-R-E-I). Meu sonho é que meus filhos estudem pra caralho, tornem-se uns fodões picudos em alguma área do conhecimento e sumam deste país de merda. E não me venham dizer que por aí não esta diferente! Vão se fuder, esta sim. Nada é pior do que o BRASIL! Diriam alguns: “a tem países na África...” Foda-se Unganda, Foda-se Serra Leoa, não fui eu quem perdeu a perna numa mina terrestre.
Tão putos comigo? FODAM-SE!!!! Hoje, eu matava um fácil.
Não quero nem saber se me chamarem de burguesinho maldito. Burguês é todo filho-da-puta que me chamar assim.
CEVDM com muita, muita raiva!!!!